sexta-feira, 20 de junho de 2008


Ostras felizes não fazem pérolas. Pessoas felizes não sentem a necessidade de criar. O ato criador, seja na ciência ou na arte, surge sempre de uma dor. Não é preciso que seja uma dor doída. Por vezes a dor aparece como aquela coceira que tem o nome de curiosidade. Com estas palavras, o próprio autor define o seu livro. Rubem Alves, um dos intelectuais mais respeitados do Brasil revela muito de suas próprias experiências de vida em Ostra feliz não faz pérola. Um prato cheio para quem busca conhecer novos pontos de vista sobre a vida.

Ostras são moluscos, animais sem esqueleto, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas – são animais mansos – seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem. Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário. Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostra felizes se riam dela e diziam: “Ela não sai da sua depressão...” Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor. O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de suas asperezas, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho – por causa da dor que o grão de areia lhe causava. Um dia passou por ali um pescador com o seu barco. Lançou a sua rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-as para a sua casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras de repente seus dentes bateram numa objeto duro que estava dentro da ostra. Ele tomou-o em suas mãos e deu uma gargalhada de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele tomou a pérola e deu-a de presente para a sua esposa. Ela ficou muito feliz... Ostra feliz não faz pérolas. Isso vale para as ostras e vale para nós, seres humanos. As pessoas que se imaginam felizes simplesmente se dedicam a gozar a vida. E fazem bem. Mas as pessoas que sofrem, elas têm de produzir pérolas para poder viver. Assim é a vida dos artistas, dos educadores, dos profetas. Sofrimento que faz pérola não precisa ser sofrimento físico. Raramente é sofrimento físico. Na maioria das vezes são dores na alma.
[Ostra feliz não faz pérola - Rubem Alves]

A PIPA E A FLOR



Poucas pessoas conseguiram definir tão bem os caminhosdo amor como Rubem Alves, numa fábula surpreendente,cujos personagens são: uma pipa e uma flor.A história começa com algumas considerações de um personagem que deduzimos ser um velho sábio. Ele observa algumas pipas presas aos fios elétricos e aos galhos das árvores e afirma que é triste vê-las assim, porque as pipas foram feitas para voar. Acrescenta que as pessoas também precisam teruma pipa solta dentro delas para serem boas.Mas aponta um fator contraditório: para voar, a pipa tem que estar presa numa linha e a outra ponta da linha precisa estar segura na mão de alguém.Poder-se-ia pensar que, cortando a linha, a pipa pudessevoar mais alto, mas não é assim que acontece. Se a linha for cortada, a pipa começa a cair.Em seguida, ele narra a história de um menino que confeccionou uma pipa. Ele estava tão feliz, que desenhou nela um sorriso.Todos os dias, ele empinava a pipa alegremente.A pipa também se sentia feliz e, lá do alto, observava a paisagem e se divertia com as outras pipas que também voavam.Um dia, durante o seu vôo, a pipa viu lá embaixo uma flor e ficou encantada, não com a beleza da flor, porque ela já havia visto outras mais belas, mas alguma coisa nos olhos da flor a havia enfeitiçado. Resolveu, então, romper a linha que a prendia à mão do menino e dá-la para a flor segurar. Quanta felicidade ocorreu depois! A flor segurava a linha, a pipa voava; na volta, contava para flor tudo o que vira. Acontece que a flor começou aficar com inveja e ciúme da pipa. Invejar é ficar infeliz com as coisas que os outros têm e nós não temos; ter ciúme é sofrer por perceber a felicidade do outro quando a gente não está perto. A flor, por causa dessesdois sentimentos, começou a pensar: se a pipa me amassemesmo, não ficaria tão feliz longe de mim... Quando a pipa voltava de seu vôo, a flor não mais se mostrava feliz, estava sempre amargurada, querendo saber com quem a pipa estivera se divertindo. A partir daí, a flor começou a encurtar a linha, não permitindo à pipa voar alto. Foi encurtando a linha, até que a pipa sópodia mesmo sobrevoar a flor. Esta história, segundo conta o autor, ainda não terminou e está acontecendo em algum lugar neste exato momento.

Há três finais possíveis para ela:

1 - A pipa, cansada pela atitude da flor, resolveu romper a linha e procurar uma mão menos egoísta.

2 - A pipa, mesmo triste com a atitude da flor, decidiu ficar, mas nunca mais sorriu.

3 - A flor, na verdade, era um ser encantado.O encantamento quebraria no dia em que ela visse a felicidade da pipa e não sentisse inveja nem ciúme.Isso aconteceu num belo dia de sol e a flor se transformou numa linda borboleta e as duas voaram juntas.

domingo, 15 de junho de 2008

LUDICIDADE COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO


"O lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo".Se se achasse confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo.

O lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana. Segundo Luckesi são aquelas atividades que propiciam uma experiência de plenitude, em que nos envolvemos por inteiro, estando flexíveis e saudáveis.

Na atividade lúdica, o que importa não é apenas o produto da atividade, o que dela resulta, mas a própria ação, o momento vivido. Possibilita a quem a vivencia, momentos de encontro consigo e com o outro, momentos de fantasia e de realidade, de ressignificação e percepção, momentos de autoconhecimento e conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro, momentos de vida.

A ludicidade exige uma predisposição interna, o que não se adquire apenas com a aquisição de conceitos, de conhecimentos, embora estes sejam muito importantes. Uma fundamentação teórica consistente dá o suporte necessário ao professor para o entendimento dos porquês de seu trabalho. Trata-se de ir um pouco mais longe ou, talvez melhor dizendo, um pouco mais fundo. Trata-se de formar novas atitudes, daí a necessidade de que os professores estejam envolvidos com o processo de formação de seus educandos. Isso não é tão fácil, pois, implica romper com um modelo, com um padrão já instituído, já internalizado.

São lúdicas as atividades que propiciem a vivência plena do aqui-agora, integrando a ação, o pensamento e o sentimento.

O jogo e a brincadeira estão presentes em todos as fases da vida dos seres humanos, tornando especial a sua existência. De alguma forma o lúdico se faz presente e acrescenta um ingrediente indispensável no relacionamento entre as pessoas, possibilitando que a criatividade aflore.

A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.

Quanto mais o adulto vivenciar sua ludicidade, maior será a chance deste profissional trabalhar com a criança de forma prazerosa, enquanto atitude de abertura às práticas inovadoras. Tal formação permite ao educador saber de suas possibilidades e limitações, desbloquear resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança.

Sala de aula é um lugar de brincar se o professor consegue conciliar os objetivos pedagógicos com os desejos do aluno. Para isso é necessário encontrar equilíbrio sempre móvel entre o cumprimento de suas funções pedagógicas e contribuir para o desenvolvimento da subjetividade, para a construção do ser humano autônomo e criativo. Credita ao aluno, isto é, 'a sua ação, à parte de responsabilidade no desenvolvimento. Mesmo procurando fazer sua parte, o professor e a escola dão/respeitam a possibilidade de que outra coisa aconteça."

Profª. Esp. Anne Almeida

domingo, 1 de junho de 2008

AS TECNOLOGIAS IRÃO SUBSTITUIR O PROFESSOR?

Imagem: Lauren:http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=13893249062019184491

As tecnologias ( o computador) não substitui o professor.
Mas , o professor que não saiba usá-lo será substituído por outro que saiba.
O homem é um ser diopsicossocial que, aliado a dimensão espiritual, torna-se integral; ele é um ser no mundo, que só se realiza na coexistência, no encontro com o outro. Ele é a única criatura que sabe, além de criar, apreciar a beleza da criação. O homem professor o " facilitador" do conhecimento deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa- espírito e corpo, inteligência, todo ser humano deve ser formado, especialmente, pela educação ao longo da vida.
Com relação as tecnologias, o professor nunca será substituído pela maquina, e sim por outro que saiba utilizar-se dos benefícios que elas exercem sobre a educação. Para que isso não ocorra o professor precisa estar se atualizando. A educação continuada se faz necessária pela própria natureza do saber humano, como práticas que se transformam constantemente. A realidade muda, e o saber que construímos sobre ela precisa ser revisto e ampliado sempre. Dessa forma a educação continuada se faz necessária para atualizarmos nossos conhecimentos.
Enfim todo professor deve usar as tecnologias para permanecer no mercado de trabalho sendo um profissional atualizado e assim garantir um bom emprego.

USO DA INTERNET NA EDUCAÇÃO

BENEFÍCOS EDUCACIONAIS DA INTERNET

PARA O ESTUDANTE:
  • capacidade de desenvolver raciocínios mais complexos: os alunos encontram problemas reais, muitas vezes através de suas fontes originais, sem simplificações, e se envolvem contribuindo para sua resolução. Existem recursos multimídia para visualizações e simulações.
  • maior senso crítico: os alunos percebem que existem diferentes pontos de vista para os mesmos assuntos, que nem tudo o que se publica é correto. Estabelecem critérios para aceitação de fatos divulgados. Comparam suas produções com as de outros antes de as publicarem.
  • capacidade de comunicação: os alunos participam ativamente de projetos em que têm de se expressar, defender suas idéias, consultar especialistas, entender outras culturas e se fazer entender.
  • visão menos compartimentada do conhecimento: os alunos navegam pelo hiperespaço, onde o conhecimento não é separado por disciplinas. Os vários projetos publicados na rede oferecem um incentivo à interdisciplinaridade.
  • formação facilmente integrada ao mercado de trabalho: jovens que aprenderam a utilizar a Internet poderão utilizar melhor os recursos dessa ferramenta cada vez mais indispensável para a realização de tarefas profissionais.
PARA O PROFESSOR:
  • atualizar professores: na Internet é possível achar informações já sintetizadas que informam e ao mesmo tempo economizam tempo dos professores. Por exemplo, através da compilação diária de notícias educacionais de jornais do país. Existem sites que trabalham notícias científicas, apresentando-as de maneira a serem utilizadas em sala de aula.
  • consultar especialistas: quando se flexibiliza o currículo e o aluno tem mais liberdade de expressão, invariavelmente surgem dúvidas fora do conhecimento do professor. Existem entidades que mantêm um serviço para resolver essas questões através de consulta a especialistas. O ideal é que a própria escola crie sua comunidade de colaboradores.
  • saber propor temas, aulas, que aproveitem situações de momento: professores podem usar recursos de jornais on-line para trabalhar tópicos dos cursos de maneira mais relevante para os alunos, mais conectada a situações da vida real. Vários sites oferecem sugestões de aulas e temas.
  • saber consultar bases de dados com material original: alguns sites disponibilizam informações úteis para o desenvolvimento de temas de maneira mais rica que a convencional. Alunos capazes de trabalhar esse tipo de informação estarão mais bem-preparados para o futuro mercado de trabalho.
  • contribuir para a mudança e melhoria do sistema. Os professores podem expor suas experiências e dificuldades e colaborar com os colegas através de grupos de discussão
Gilberto TEIXEIRA ,Prof.Doutor,(FEA/USP)

Desafios da Televisão e do Vídeo à Escola

"Estamos deslumbrados com o computador e a Internet na escola e vamos deixando de lado a televisão e o vídeo, como se já estivessem ultrapassados, não fossem mais tão importantes ou como se já dominássemos suas linguagens e sua utilização na educação. A televisão, o cinema e o vídeo - os meios de comunicação audiovisuais desempenham, indiretamente
um papel educacional relevante. Passam-nos continuamente informações, interpretadas; mostram-nos modelos de comportamento, ensinam-nos linguagens coloquiais e multimídia e privilegiam alguns valores em detrimento de outros.
A eficácia de comunicação dos meios eletrônicos, em particular da televisão, se deve também à capacidade de articulação, de superposição e de combinação de linguagens diferentes - imagens, falas, música, escrita - com uma narrativa fluida, uma lógica pouco delimitada, gêneros, conteúdos e limites éticos pouco precisos, o que lhe permite alto grau de entropia, de flexibilidade, de adaptação à concorrência, a novas situações.
Num olhar distante tudo parece igual, tudo se repete, tudo se copia; ao olhar mais de perto, por trás da fórmula conhecida, há mil nuances, detalhes que introduzem variantes adaptadoras e diferenciadoras. A força da linguagem audiovisual está em que consegue dizer muito mais do que captamos, chegar simultaneamente por muitos mais caminhos do que conscientemente percebemos e encontra dentro de nós uma repercussão em imagens básicas, centrais, simbólicas, arquetípicas, com as quais nos identificamos ou que se relacionam conosco de alguma forma.
A televisão e a Internet não são somente tecnologias de apoio às aulas, são mídias, meios de comunicação. Podemos analisá-las, dominar suas linguagens e produzir, divulgar o que fazemos. Podemos incentivar que os alunos filmem, apresentem suas pesquisas em vídeo, em CD ou em páginas WEB - páginas na Internet. E depois analisar as produções dos alunos e a partir delas ampliar a reflexão teórica.
A escola precisa observar o que está acontecendo nos meios de comunicação e mostrá-lo na sala de aula, discutindo-o com os alunos, ajudando-os a que percebam os aspectos positivos e negativos das abordagens sobre cada assunto. Fazer re-leituras de alguns programas em cada área do conhecimento, partindo da visão que os alunos têm, e ajudá-los a avançar de forma suave, sem imposições nem maniqueísmos (bem x mal)."